quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

NOD194. Seis mulheres em perigo

O sol caía pesado sobre a pradaria, queimando a terra em tons de ferrugem. Do alto de um afloramento rochoso, Cal McRae, caçador e pistoleiro por  necessidade, avistou o movimento no acampamento indígena junto ao leito seco do rio. Não era movimento comum. E não era bom.

Seis mulheres estavam amarradas a estacas improvisadas, e os guerreiros preparavam-se para rituais que nunca traziam sobreviventes.
Cal franziu o cenho. Aquela era a espécie de injustiça que não se discutia, resolvia-se.

Desceu pela encosta como um lobo decidido, o rifle Winchester bem preso ao peito e a determinação de quem já vira demasiado do mundo para ficar parado a ver mais um horror acontecer.

Esperou o cair da noite. O vento uivava entre os salgueiros, levando consigo o cheiro da fogueira e das intenções mais negras.

Quando o primeiro guerreiro se afastou do círculo, Cal surgiu das sombras, silencioso como um fantasma. Num golpe rápido, cortou as cordas da primeira mulher e fez-lhe sinal para fugir pelo barranco. Ela desapareceu na escuridão antes que alguém notasse a ausência.

Voltou para o acampamento. Três índios guardavam o círculo. Cal foi mais rápido que o pensamento: dois golpes, um disparo abafado, e a segunda mulher estava livre.

A terceira resistiu, em pânico, mas Cal segurou-lhe o rosto com firmeza. “Confia em mim, senhora.” E ela confiou.

A quarta e a quinta foram salvas numa brecha de sorte, num momento em que um grupo de guerreiros se distraiu com um cavalo amedrontado.
Cal movia-se com a precisão de quem conhecia cada sombra do território.

Só restava a última. E aí o perigo ganhou dentes. Quando Cal se aproximou dela, foi finalmente detetado. As lanças ergueram-se, gritos preencheram o ar, e o acampamento transformou-se numa tempestade de fúria.
Cal puxou a mulher para perto e abriu caminho a tiros, cada disparo medido, cada movimento calculado.
A poeira levantava-se em redemoinhos à volta deles enquanto corriam em direção ao bosque.

Não olhou para trás. Não precisava. Sabia que os guerreiros desistiriam quando a escuridão e as árvores os engolissem.

Horas depois, junto a uma fogueira pequena e silenciosa, as seis mulheres estavam reunidas, exaustas mas vivas.
Cal alimentou o cavalo, ajustou o chapéu e preparou-se para seguir viagem, como sempre.

Uma delas tentou agradecer-lhe. Ele apenas ergueu a mão, educado, lacónico: “Não precisam agradecer. Neste país duro, fazemos o que tem de ser feito.”

Montou, virou-se para a linha do horizonte e partiu, sem esperar aplausos.
Porque os heróis do Oeste não ficavam para os aplausos, ficavam para a próxima batalha.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Mais livros

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...