O sol caía pesado sobre a pradaria, queimando a terra em tons de ferrugem. Do alto de um afloramento rochoso, Cal McRae, caçador e pistoleiro por necessidade, avistou o movimento no acampamento indígena junto ao leito seco do rio. Não era movimento comum. E não era bom.
Desceu pela encosta como um lobo decidido, o rifle
Winchester bem preso ao peito e a determinação de quem já vira demasiado do
mundo para ficar parado a ver mais um horror acontecer.
Esperou o cair da noite. O vento uivava entre os salgueiros,
levando consigo o cheiro da fogueira e das intenções mais negras.
Quando o primeiro guerreiro se afastou do círculo, Cal
surgiu das sombras, silencioso como um fantasma. Num golpe rápido, cortou as
cordas da primeira mulher e fez-lhe sinal para fugir pelo barranco. Ela
desapareceu na escuridão antes que alguém notasse a ausência.
Voltou para o acampamento. Três índios guardavam o círculo. Cal
foi mais rápido que o pensamento: dois golpes, um disparo abafado, e a segunda
mulher estava livre.
A terceira resistiu, em pânico, mas Cal segurou-lhe o rosto
com firmeza. “Confia em mim, senhora.” E ela confiou.
Não olhou para trás. Não precisava. Sabia que os guerreiros
desistiriam quando a escuridão e as árvores os engolissem.
Uma delas tentou agradecer-lhe. Ele apenas ergueu a mão,
educado, lacónico: “Não precisam agradecer. Neste país duro, fazemos o que tem
de ser feito.”

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