quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

NOD193. Terror na Floresta

 

Terror na Floresta

A jovem tinha deixado para trás as cercas do rancho ainda ao romper da manhã, quando o sol mal riscava de ouro as colinas distantes. Caminhava sozinha pela orla da floresta, o vestido tocando a erva seca e as botas marcando o chão poeirento como se seguissem um trilho conhecido apenas pelo coração.

Ali, entre pinheiros altos e sombras frescas, o mundo parecia mais calmo, como se o próprio Oeste segurasse a respiração. A luz filtrava-se pelas copas, caindo sobre ela em faixas quentes, e o vento carregava o cheiro da resina, da terra viva e de promessas que só quem ama sabe ouvir.

Parou num pequeno clareira, onde a relva balançava suavemente e os pássaros cantavam com a confiança de quem nunca viu uma guerra. Ali esperaria. Sabia que o seu amado viria homens como ele, homens do Oeste, não quebravam promessas, mesmo quando o caminho era longo e a vida lhes cobrava mais do que deviam.

A jovem passou a mão pelo cabelo e ergueu os olhos para o horizonte entre as árvores. E então sorriu, porque o vento mudou de direção e trouxe consigo o eco distante de cascos, um som firme, decidido, como o coração de um homem que regressa.

E ela soube que não esperaria por muito mais tempo.

A mudança no vento que fizera a jovem sorrir não anunciava apenas o retorno esperado. Havia mais alguém na floresta, alguém que caminhava sem o som franco de um cavalo, mas com a astúcia de quem viveu demasiado tempo nos cantos sombrios do Oeste.

Ela só percebeu quando já era tarde.

Um braço áspero, cheirando a poeira velha e tabaco barato, agarrou-a por trás. O grito morreu-lhe na garganta quando um pano grosseiro lhe tapou a boca e o mundo se tornou um turbilhão de movimento, árvores passando depressa, o chão fugindo debaixo dos seus pés.

Não era o passo do homem que a assustava, mas a certeza fria de que ele sabia exatamente para onde ia.

Chegaram à cabana ao cair da tarde. Ficava escondida num vale estreito, onde até o vento parecia cauteloso demais para entrar.

Era uma construção simples, velha, feita com troncos que viram tempos  melhores, e com um alpendre que rangia como se guardasse segredos.

O bandido empurrou a porta com o ombro e atirou um olhar rápido para a mata em redor, como quem vive permanentemente à espera de ser caçado.

— Não te vou magoar se não fizeres disparates — rosnou ele, a voz áspera como cascalho.

A jovem manteve-se firme, o olhar mais corajoso do que o coração que batia depressa. Sabia que o pânico nunca ajudou ninguém e que, no Oeste, as pessoas fortes sobreviviam não pela força dos braços, mas pela força da vontade.

Lá fora, a noite começava a cair, pintando o céu de violeta escuro, e cada estrela que surgia parecia uma promessa silenciosa:

Ele vai vir.

Ele vai encontrar-me.

E nenhum malfeitor dura muito tempo quando um homem de verdade segue o seu rasto.

O noivo chegou ao local combinado pouco depois do sol subir o suficiente para dourar as folhas mais altas. O cavalo parou sozinho, como se também percebesse que algo estava errado.

A clareira estava silenciosa. Silenciosa demais.

Ele desmontou devagar, o coração firme mas inquieto, homens como ele não se deixam dominar pelo pânico, mas sabem reconhecer quando o mundo lhes vira as costas.

— Maria? — chamou, a voz misturando força e medo.

Nenhuma resposta. Apenas o murmúrio distante dos pinheiros.

Avançou alguns passos, os olhos treinados examinando cada pormenor. O chão estava perturbado: relva amassada, marcas estranhas, como se alguém tivesse lutado ali. A dúvida transformou-se em gelo no peito.

Ajoelhou-se. Corria nos campos desde rapazinho; conhecia a leitura das marcas como outros conhecem letras num livro. Havia pegadas, duas séries distintas. As dela: leves, pequenas, caminhando com a graça de sempre.

E depois outras, largas, pesadas… desenhadas no solo como feridas.

— Levaram-te… — murmurou.

Mas junto às pegadas havia também marcas de arrastar, sinais de que ela não fora por vontade própria. O que lhe apertou o punho com uma raiva silenciosa. Raiva justa. Raiva de homem que ama.

Montou novamente com um só movimento, os olhos fixos no trilho. Não hesitou. No Oeste, quando a vida te rouba alguém, tu montas, apertas as rédeas e vais buscá-la.

Seguiu as pegadas pela orla da floresta, mais fundo, onde a sombra era espessa e o ar carregado do cheiro de resina e perigo. O cavalo avançava determinado, como se entendesse a urgência.

Cada marca no solo era um sinal. Cada ramo partido, uma promessa. Cada metro percorrido, uma certeza:

Ele estava a aproximar-se.

E nenhum bandido, por mais astuto que fosse, poderia esconder por muito tempo uma mulher que ele amava.

Dentro da cabana, a luz fraca da lamparina fazia dançar sombras tortas pelas paredes de troncos.A jovem, amarrada mas intacta, mantinha o olhar firme, orgulho de quem nasceu para não se dobrar perante canalhas.

O raptor caminhava de um lado para o outro, inquieto. Mas o pior não era ele. Era o outro.

Sentado numa cadeira gasta, botas cruzadas, olhar frio como metal temperado, estava um homem mais perigoso. Mais calmo. O tipo de homem que pensa antes de puxar o gatilho, o que, no Oeste, o torna ainda mais temível.

Chamavam-no Dolan. E Dolan nunca raptava ninguém sem um plano.

Ele inclinou-se para a jovem, estudando-a como quem avalia uma peça rara.

— A tua família tem dinheiro, menina. Mais do que o suficiente para pagar por ti.

O raptor engoliu em seco, tentando parecer mais duro do que era.

— Então… fazemos como combinámos? — perguntou.

Dolan levantou-se devagar, como um predador que não precisa de pressa.

— Fazemos, sim. Vais ao rancho. Bates à porta como um viajante cansado. Dizes que viste a rapariga a ser levada para o norte por dois desconhecidos. Deixas-lhes esta carta… — levantou um envelope dobrado com cuidado. — E sais antes que façam demasiadas perguntas.

O raptor pegou na carta com dedos nervosos.

— E se o pai dela desconfiar?

Dolan estreitou os olhos.

— O pai pode desconfiar. Mas vai pagar. Todos pagam quando se trata de uma filha.

O raptor hesitou um instante, olhando para a jovem, como se esperasse uma interferência. Mas ela manteve o queixo erguido, sem lhes dar o gosto do medo.

— Vai — ordenou Dolan. — E volta antes do pôr do sol.

O raptor meteu o chapéu, agarrou o casaco e saiu pela porta de madeira, que rangeu como uma advertência antiga. O cavalo esperava amarrado a uma estaca. Ele montou e partiu pela mata, desaparecendo entre os pinheiros como uma sombra mal-intencionada.

A jovem ouviu o som dos cascos afastar-se, e apesar de estar sozinha com o mais perigoso dos dois, algo no seu peito iluminou-se.

Porque ela sabia que o seu noivo estava a segui-los. Sabia que ele já devia estar na sua pista.

E sabia, por fim, que Dolan tinha cometido um erro que custaria caro:

No Oeste, nunca se mexe com a família errada.

Reviravolta Dupla

O noivo seguia o trilho com a determinação de um homem que já perdeu demasiado na vida para perder mais uma vez. E então ouviu algo. Um galho partido. Um cavalo ofegante.

Aproximou-se furtivamente, rifle em punho, e avistou o raptor, sozinho, parado junto ao riacho, a lavar o rosto como um homem à beira do desespero.

O noivo avançou rápido, silencioso, e antes que o outro pudesse reagir, já estava com a arma apontada ao peito dele.

— Onde está ela? — perguntou com a voz baixa, dura como um prego bem batido.

Mas o raptor não puxou da arma. Não tentou fugir. Levantou as mãos devagar, resignado.

— Não quero encrenca, senhor… Eu não queria fazer isto. Dolan obrigou-me.

O nome fez o noivo enrijecer, como se lhe batessem com ferro quente no coração.

— Dolan, disseste?

O raptor assentiu com a cabeça.

— Ele tem minha mulher e o meu miúdo… Disse que se eu não ajudasse, nunca mais os via.

A verdade estava nos olhos dele. Medo genuíno. E uma dor que o noivo reconheceu: a dor de quem tem alguém que ama e não o pode proteger.

— Onde está Dolan? — insistiu o noivo.

O raptor abaixou o olhar.

— Numa cabana velha a norte daqui… mas…

— Mas o quê?

— O homem não é só um bandido qualquer. Dolan… Dolan tem contas antigas com o pai da rapariga. Trabalhou no rancho há anos. Disse que o despediram por “coisas pequenas”, mas eu ouvi as histórias… ninguém o queria por perto. Era mau. Mau de verdade.

O noivo recordou vagamente o nome, um rumor antigo, um caso esquecido, um homem expulso por roubo e ameaças.

Percebeu então que aquilo não era apenas um rapto, nem era por dinheiro apenas.

Era vingança.

— Ele culpa o pai dela por tudo — continuou o raptor. — Quer arrancar cada dólar… e mais um bocado de sofrimento.

O noivo baixou o rifle devagar, sem tirar os olhos dele.

— E tu?

— Eu só quero a minha família de volta.

Houve um silêncio pesado.

Depois, o noivo estendeu-lhe o cantil.

— Então vamos buscá-los — disse. — A todos eles.

O raptor olhou para o cantil, depois para o noivo, e engoliu em seco.

— E se for uma armadilha?

— Que seja. A coragem de um homem mede-se pelo que ele está disposto a enfrentar. E eu não volto para casa sem ela.

O raptor respirou fundo e montou o cavalo.

— A cabana fica a menos de duas horas daqui. Mas Dolan… ele é astuto.

— Eu também — respondeu o noivo, puxando as rédeas. — E tenho um motivo melhor.

E assim, os dois homens, um por amor, outro por desespero, seguiram juntos pela floresta adentro, em direção à cabana onde Dolan os aguardava com um plano de vingança e uma jovem refém que não imaginava que a ajuda inesperada estava prestes a chegar.

A Reviravolta Inesperada

A noite caiu rápida sobre a cabana, trazendo um frio silencioso que parecia entranhar-se nos ossos.

Dolan, seguro da sua própria astúcia, passou horas a vigiar a jovem, mas até os lobos mais perigosos precisam fechar os olhos por um instante.

E foi nesse instante que tudo mudou.

A lamparina tremulava, prestes a apagar-se, e a jovem, sempre atenta, percebeu que a respiração dele ficara pesada.

Dolan adormecera sentado, o chapéu tombado sobre o rosto e uma garrafa quase vazia ao alcance da mão.

Ela não perdeu tempo.

Com dedos hábeis e respiração controlada, soltou o nó da corda que prendia os pulsos, um nó mal feito pelo raptor, não por Dolan. O coração batia-lhe como um tambor dos índios Paiute, mas o silêncio era seu aliado.

Deslizou até à porta, abriu-a devagar… e fugiu para a escuridão da floresta.

A noite engoliu-a sem piedade.

E foi assim que se perdeu, não por falta de coragem, mas porque a mata à noite é traiçoeira, e cada sombra leva ao mesmo lugar.

Enquanto isso, o noivo e o raptor avançavam pela mata, seguindo o trilho com o cuidado de homens que conhecem bem o valor da vida. Quando viram a cabana, não hesitaram. Arrombaram a porta ao mesmo tempo,

as armas erguidas, olhos preparados para a pior das lutas.

Mas Dolan mal teve tempo para acordar.

Um disparo seco ecoou na cabana, e o velho bandido tombou sem levantar poeira.

Não houve honra no fim dele, homens como Dolan raramente têm finais honrados.

O noivo correu para o interior, chamando pela sua amada.

— Maria! Maria! Estás aqui?

Mas as paredes responderam apenas com o vazio.

A cama estava desfeita. As cordas, soltas no chão. E a porta dos fundos aberta…

levada pelo vento.

O raptor, agora aliado, respirou fundo.

— Ela escapou.

— Mas para onde?

— Para qualquer lado… Isto aqui é um labirinto de pinheiros. Se não souber o caminho…

O noivo saiu para o exterior, os olhos percorrendo a escuridão.

— Ela está lá fora. Assustada. Sozinha.

E então fez o que qualquer homem do Oeste faria:

Ajoelhou-se no solo, passou a mão pela terra fria, e encontrou uma leve marca no chão, uma pegada tão pequena quanto preciosa.

Mas era a última. A chuva fraca que começara a cair apagava cada rasto que ela deixara.

O raptor aproximou-se, sombrio.

— Vamos ter de procurá-la como se a vida dependesse disso.

— Depende — disse o noivo, levantando-se. — A minha vida é ela.

A chuva engrossava, transformando o chão num espelho liso. A floresta parecia engolir tudo.

E a jovem, algures na noite, tremia ao ouvir o vento sem saber se jamais seria encontrada.

Mas o noivo fechou a mão em punho e olhou para norte.

— Seja como for… eu vou encontrá-la.

E assim, com Dolan morto, o trilho apagado e a noite mais escura do que nunca,

os dois homens prepararam-se para a busca mais difícil das suas vidas.

O Salvamento Dramático

A chuva caía em fios finos, tornando a noite mais escura e a busca mais difícil. O noivo e o raptor avançavam devagar, atentos a qualquer sinal. A floresta, densa e cerrada, parecia esconder mais do que revelava.

Foi então que o raptor parou e ergueu a mão.

— Está a ouvir? — murmurou.

O noivo concentrou-se. Entre o vento e o sussurro das folhas, havia um som diferente… um barulho oco, ritmado — madeira a bater.

— Uma porta… a bater com o vento — disse ele. — Só pode ser uma cabana.

Moveram-se para norte, e após alguns minutos descobriram-na: uma pequena cabana quase engolida pela vegetação, oculta por arbustos espessos e um velho carvalho tombado. Era o tipo de lugar que só se encontra se o destino ajudar.

A porta batia, rangendo como uma alma em tormento. O noivo desceu do cavalo antes que este parasse por completo e correu para lá, o coração aos saltos.

— Maria!

Mas quando abriu a porta, a cabana estava vazia, apenas sombras, pó e silêncio.

Vazia… até ouvir o som atrás dela.

Algo a rasgar a vegetação.

Algo pesado.

O raptor saiu primeiro, arma em punho.

— Ai vem ele…

Um urso negro, grande, faminto, desconfiado, rompeu por entre os arbustos, farejando o chão molhado. O animal erguia-se nos quartos traseiros, o pelo escuro brilhando sob a chuva.

E foi então que o noivo viu: atrás do urso, encolhida entre duas pedras, tremendo mas viva, estava ela.

A jovem.

— Maria! — gritou, num sussurro entalado pela urgência.

Ela ergueu os olhos, e o brilho de esperança foi instantâneo. Mas o urso voltou-se para ele, rosnando.

O raptor puxou da pistola.

— Não dispares — avisou o noivo. — Se falhares, ele cai em cima dela!

O urso avançou um passo. A jovem reteve o fôlego.

Tudo ficou imóvel por um segundo. O mundo prendeu a respiração.

Então o noivo fez algo que poucos fariam: baixou a arma, encheu o peito e gritou com toda a autoridade de um homem cansado de perder.

— EI! AQUI! SOU EU QUE TU QUERES!

O urso virou-se, lento, ameaçador, e nesse instante, enquanto o animal mudava o foco, o raptor agiu.

Um disparo certeiro. Não fatal, mas suficiente para assustar o animal e fazê-lo fugir para a floresta numa corrida pesada.

O noivo correu para a jovem, ajoelhando-se ao lado dela.

— Maria… Maria, estás bem?

Ela atirou-se para os braços dele, sem conseguir falar. Tinha lama no vestido, folhas no cabelo, e o coração a bater mais rápido do que os cascos de um mustang selvagem. Mas estava viva.

O raptor aproximou-se devagar, com respeito.

— Vamos sair daqui — disse ele. — Antes que o urso decida voltar.

O noivo ergueu-a nos braços. Ela pousou a cabeça no ombro dele, exausta, como se o mundo finalmente tivesse parado de girar.

A chuva começava a abrandar. As nuvens abriam-se num rasgo prateado.

— Já passou — disse o noivo. — Já passou, meu amor.

E pela primeira vez naquela noite, foi verdade.

Final — O Regresso ao Rancho

A chuva tinha parado quando os três deixaram a cabana escondida. O ar fresco da madrugada misturava-se com o cheiro a resina e a terra molhada, e cada passo do cavalo parecia afastar a noite difícil que viveram.

A jovem, envolvida no casaco do noivo, mantinha-se encostada ao peito dele, cansada, mas segura. Ele não tirava os olhos do caminho, não por medo, mas por um sentimento profundo de gratidão silenciosa.

O raptor seguia atrás, montado no seu cavalo, a cabeça baixa. Não pela chuva, não pelo cansaço, mas pela vergonha.

Quando finalmente avistaram as cercas do rancho, a luz dourada do amanhecer iluminava a casa grande, ainda silenciosa, ainda adormecida. O pai da jovem saiu ao alpendre ao ouvir o tropel dos cavalos. Olhava fixamente, tentando entender aquilo que o coração já sabia.

Quando viu a filha viva, endireitou-se como se tivesse sido atingido por um raio.

— Minha menina… graças a Deus!

Descendo os degraus num salto, abraçou-a com força, as mãos tremendo como as de um homem que quase perdeu tudo. Ela sorriu, cansada, mas inteira.

O noivo apenas observou, dando-lhes o tempo que precisavam.

Depois, o pai voltou-se para ele.

— Devo-te a vida da minha filha.

— Não, senhor — respondeu o noivo. — Ela salvou-se também. Teve coragem para fugir.

E então o pai reparou no raptor.

A expressão dele mudou.

A raiva subiu-lhe aos olhos como uma fogueira antiga.

— Tu! — rosnou. — O que é que este canalha faz aqui?

O raptor engoliu em seco, mas não recuou.

Desmontou devagar, pousou o chapéu no peito e falou sem desviar o olhar:

— Senhor… Eu fiz coisa errada. Não nego. Mas fiz por medo. O Dolan tinha a minha família. O homem ajudou-me a encontrá-los. E agora estou aqui para responder pelo que fiz.

O silêncio caiu pesado como uma pedra num poço.

O noivo deu um passo em frente.

— Ele ajudou-me a salvá-la. E enfrentou o pior homem deste território para isso.

O pai respirou fundo. Os músculos do rosto contraíram-se, como se lutasse com duas forças dentro dele: a justiça dura do Oeste e a misericórdia que só quem tem uma filha sabe pesar.

Finalmente disse:

— A lei vai decidir o que fazer contigo. Mas aqui… agora… tens a minha palavra que não te faço mal.

O raptor baixou a cabeça, aliviado.

— Obrigado, senhor.

O noivo aproximou-se dele e estendeu a mão.

— A minha dívida contigo fica paga. Agora segue o teu caminho. Vai buscar a tua família. Recomeça. Faz por merecer a segunda oportunidade.

O raptor olhou a mão, hesitou… e apertou-a com firmeza.

— Juro que faço, senhor. Por Deus.

Montou novamente, virou o cavalo na direção oposta ao rancho e partiu silenciosamente para o horizonte. Sem despedidas dramáticas. Homens como ele não precisam delas.

Quando ficou tudo calmo, o pai virou-se para o casal.

— Vamos entrar. A tua mãe vai desmaiar de alegria… e de susto.

A jovem sorriu, segurando a mão do noivo.

— Estamos em casa.

Ele olhou para a porta aberta, para os campos dourados que começavam a acordar, e sentiu que aquele era o lugar certo, um lugar onde o amor, a coragem e o Oeste selvagem coexistiam like.

O noivo passou o braço pelos ombros dela.

— Nunca mais te perco.

— Eu sei — respondeu ela. — Porque eu também te teria encontrado.

E juntos entraram no rancho, deixando para trás uma noite de perigo e começando um novo capítulo, um capítulo que só o Oeste sabe escrever.

 

 

FIM

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Mais livros

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...