sexta-feira, 17 de junho de 2016

CNT006. O mistério do Vale dos Trovões

O conto que agora apresentamos é da autoria de Edgar Caygill e é ilustrado por Vitor Péon, ambos bem conhecidos dos leitores portugueses das décadas de 50 e 60. O nome do autor é um pseudónimo de Roussada Pinto, um sujeito prolífero capaz de escrever um livro por noite e que foi bem conhecido como contista do Oeste e autor de romances policiais. Quanto a Péon teve um percurso nacional e internacional extremamente rico.
O conto, agora apresentado na íntegra, foi publicado em três números seguidos do Mundo de Aventuras (45, 46 e 47), entre 22 de Junho e 6 de Julho de 1950, num momento em que este jornal juvenil tinha feito uma importante mudança de formato: passou de uma revista gigante para um A4 com mais páginas.
O mistério do Vale dos Trovões ilustra bem as caraterísticas do seu autor: uma história cheia de acção, contada de um fôlego, com modificações surpreendentes no desenrolar, centrada num indivíduo em geral mais esperto que os outros. O conto é apresentado mantendo a estrutura original ostentada no MA.O leitor pode apreciar bem o estilo de Caygill, por vezes pouco rigoroso, e, no final, convidamo-lo a responder às questões seguintes:
Como é que o Corvo sabia que Mr. Peacock e a jovem iam na mala-posta?
Como é que o Corvo sabia que a jovem era filha do mineiro?
Como era possível levantar tanta poeira numa terra tão enlameada por um Inverno rigoroso?
Enfim, se Caygill estivesse entre nós, o que seria um prazer, com certeza encontraria uma boa resposta para estas inconsistências quanto mais não fosse a que se basearia na necessidade de trabalhar em alta velocidade quase sem poder fazer revisão.


A cidade estava envolvida pela noite. As casas eram sombras projetadas na escuridão dum inverno que passava tempestuoso e rebelde. O solo, revolvido e enlameado por chuvas recentes, tinha brilho cinzento e mostrava-se quase intransponível.
Uma única luz, composta por grosseira lanterna colocada sobre os batentes da porta do «saloon», deixava que se divisasse a pequena distância um tosco letreiro em madeira, onde se lia em carateres deformados as seguintes palavras: «White City».
Junto a essa indicação territorial, movia-se um indivíduo envolto em ampla capa negra, que procurava abafar os menores ruídos, mesmo aqueles causados pelo chapinhar das botas na lama líquida. Tinha o rosto e a cabeça ocultos sob um capuz estranho, que mostrava unicamente uns olhos grandes, repletos de audácia e energia.
Os movimentos cautelosos, felinos, encaminhavam-no no sentido de uma pequena habitação, situada na vertical do «saloon». Quando atingiu a porta, bateu levemente com os nós dos dedos e esperou. Os segundos passaram e, como resposta à sua chamada, ficara, simplesmente, o ténue repercutir das pancadas.
Resoluto, fez desandar o fecho e penetrou numa sala onde predominava o cheiro a gordura derretida. Parou a poucos passos da entrada e tentou observar o que se passava para além das trevas.
Subitamente, teve a sensação da presença de mais alguém. Susteve a respiração e os olhos, agora, duplicavam o esforço de descobrir tudo quanto o rodeava.
Isso não evitou, porém, que um vulto traiçoeiro se aproximasse pelas suas costas, e que, lentamente, com precisão, lhe vibrasse um violento golpe na nuca, que o prostrou redondamente no soalho…
**
Um «cow-boy» entrou, de roldão, no escritório do xerife e com grandes gestos começou a gritar:
- Mc Dawson! Mc Dawson!
O interpelado surgiu no limiar da porta que comunicava com a sala das prisões e teve uma careta de preocupação.
- Que se passa? – perguntou.
- Mataram Dungan! – respondeu o outro mal contendo o próprio alvoroço das palavras.
O xerife teve um esgar de surpresa e, em dois pulos, atingiu o varandim da entrada.
Deparou, imediatamente, com um grupo de homens que rodeava a pequena habitação de Dungan, alguns dos quais, em gestos pouco tranquilizadores, barafustavam em altos berros.
Mc Dawson aproximou-se e, vencendo a resistência do amontoado, conseguiu entrar na sala. A um canto, o velho Dungan, estendido a todo o comprimento do corpo, mostrava sinais de quem abandonara a vida; ao centro, inanimado, um homem que vestia um traje pouco comum: um capuz negro, uma capa negra, uma blusa negra, umas calças negras, umas botas negras – tudo negro.
O xerife, que obrigara os curiosos a deixar a sala, ficara acompanhado do juiz da cidade, o rancheiro Sellis. Ambos fitavam o singular personagem e, animados pela mesma ideia, curvaram-se e viraram o corpo inerte. Só então viram que tinha as feições cobertas e que, na blusa, no meio dum círculo, apresentava o desenho estilizado dum corvo.
Intrigados, procuraram retirar o capuz, mas, nesse instante, o misterioso desconhecido esboçou os primeiros sintomas de vida.
Logo as duas autoridades se endireitaram, para aguardar que o homem voltasse a si do desmaio. Este, pouco depois, sentava-se e levava as mãos à cabeça, a tentar acalmar qualquer espécie de dor. Mas os olhos, despertos da imobilização involuntária, voltaram a girar nas órbitas, e tiveram um brilho de inteligência, como se compreendessem instantaneamente a cena que os rodeava.
O mascarado levantou-se com lentidão e reparou no corpo de Dungan. O xerife reparou que os seus punhos se fecharam com desespero. Aproveitando essa reação, o representante da lei exclamou:
- Considere-se preso! Motivo: assassínio.
Uma nuvem desceu no olhar do mascarado e uma gargalhada de escárnio ressoou sob o tecido do capuz.
-Preso!? – disse com voz metálica, sonora e ríspida. – Parece-lhe, xerife, que depois de praticar semelhante acto, ficaria aqui à sua espera? Há de convir que é pouco lógico…
O juiz, que ouviu a resposta, teve um sorriso.
- Porque, antes de falar, não tira essa máscara?
Outra gargalhada e o embuçado retorquiu:
- Não seja curioso, meu caro senhor. Lembre-se que é um defeito pouco natural num juiz…
Mc Dawson, já aborrecido com o diálogo, sacou o «colt» e ordenou:
- Acompanhe-nos! Vai responder por este crime! E trate de tirar o capuz, antes…
A última palavra desapareceu com o eco. Um pontapé violento na mão, dado de improviso, arrebatara-lhe a arma dos dedos, enquanto um punho fechado, com a força dum ariete, lhe  martelava o queixo. Quanto ao rancheiro, só teve tempo, tal a rapidez dos acontecimentos, de assistir, com cara pouco digna, ao desaparecer do mascarado, em correria vertiginosa, por entre a multidão de «cow-boys» estacionada em frente da habitação.
Minutos depois, o bater duro cascos dum cavalo na estrada, anunciava a fuga do desconhecido…
Mc Dawson, o xerife, logo que se recompôs do soco, em gritos, ordenou a perseguição. E quando, acompanhado de Silles, se preparava para sair, um objeto brilhante, caído na soleira da porta, chamou-lhe a atenção. Baixou-se, apanhou-o, verificou que era de prata e tinha o feitio de um «C» maiúsculo. Olhou para o xerife e sem nada dizerem, compreenderam que foram senhores da mesma ideia: o corvo que o mascarado ostentava na blusa!
Não acrescentaram nada e correram para os cavalos. Não tardou que numeroso grupo de homens atravessasse a povoação, no encalce daquele personagem com caraterísticas irreais.
Quando atingiram a planície, o xerife gritou de satisfação: lá longe, o mascarado, que montava um belo cavalo branco, atravessava um pequeno ribeiro, ao alcance das armas…


*
O xerife empunhou a arma, mas nem sequer se chegou a servir dela. O mascarado, como se compreendesse as suas intenções e conhecesse a sua ótima pontaria, acabara de se encobrir com um acidente de terreno. E a perseguição continuou implacável, assinalada pelas grossas nuvens de poeira que se erguiam no ar e também pelo bater cadenciado doa cascos dos cavalos no solo.
O mascarado jogava numa partida de sorte. Sabia perfeitamente que, se se deixasse apanhar, nem sequer teria tempo para respirar… Por isso, facilitava o galope do animal. Auxiliando-lhe os movimentos rítmicos do corpo, ora se sentando, ora se levantando.
Cavalgavam, agora, em plena planície, por um caminho enroscado entre ervas. O xerife e os companheiros aumentavam de esforços, e a esperança de caçar o fugitivo, dava-lhes energias novas.
A planície passara. Perseguido e perseguidores entraram num amplo vale, que todos conheciam pelo nome de «Vale dos Trovões». Ali, por o solo ser empedrado, as montadas tinham mais dificuldade em galopar. A corrida diminuiu de impetuosidade, mas os ânimos não arrefeceram. O xerife, então, parecia um possesso em cima do cavalo. Gritava, gesticulava, e ameaçava o mascarado repetidas vezes com o «colt».
O «Vale dos Trovões», entretanto, ficara para trás. Novamente, a planície se estendeu sob as patas das montadas. Porém, um novo personagem entrara em cena. A mala-posta de «White City» rodava à frente dos «cow-boys», puxada por fortes parelhas de cavalos.
Este facto deu ao mascarado uma alegria estranha, e uma ideia que logo pôs em prática. Incitou com mais energia o cavalo e procurou alcançar o carro. A luta entre o veículo e o animal pouco durou, pois, instantes volvidos, alcançava a mala-posta e, num salto pleno de agilidade e decisão, segurava-se nos varões e ficava bem agarrado. Depois, num esforço extraordinário, dificultado pela corrente de ar, elevava-se até ao tejadilho e deixou-se ficar estendido a todo o comprimento.
O boleeiro, que assistira a toda a cena, nada dissera nem interviera, mas logo que as figuras do xerife e dos companheiros se definiram na retaguarda, tentou fazer parar as parelhas. Compreendia que o negócio era com a justiça – e ele talvez não tivesse a consciência muito tranquila…
É claro que a intenção não passou do primeiro gesto! Porque, ao segundo, foi interrompido pela voz dura do mascarado:
- Mude de ideias, amigo. Ao contrário do que quer, fustigue antes os cavalos! Força!.
O boleeiro, sem hesitar, assim fez. E os animais esticaram mais os músculos na ânsia de ganharem terreno, naquela corrida diabólica.
Contornaram a planície e ficaram ocultos da vista do xerife. Então, o mascarado saltou para o lado do boleeiro e, sem dizer qualquer palavra, tirou-lhe as rédeas das mãos.
Com perícia levou as parelhas, sem abrandarem o galope, para um estreito caminho entre montanhas de rocha e teve uma exclamação:
- Agora para o Vale dos Trovões!
O homem que ia a seu lado teve uma careta de protesto, chegou a murmurar uma pergunta:
- Para trás?
Mas acabou por fixar a vista na pequenina janela que comunicava com o interior da carruagem. Aí, alheios a tudo quanto se passava, ia um homem de quarenta anos, robusto e de grandes músculos, e uma rapariga loira, de idade não superior a vinte anos.
O xerife levantou o braço e a comitiva suspendeu a correria. Todos olharam para o solo e sem o representante da lei dizer qualquer palavra, compreenderam que a mala-posta mudara de rumo.
- Foi para o Vale! – exclamou o xerife. – Não compreendo porque voltaram para trás! No entanto, para que não nos escapem, vão dois homens por este atalho e os restantes vêm comigo pelo atalude, e assim chegaremos lá primeiro do que eles!
Os dois homens indicados seguiram o sulco que as rodas da carruagem deixaram e o resto do grupo seguiu o xerife. Um quarto de hora depois, chegaram ao centro do Vale dos Trovões. Desmontaram rapidamente e espalharam-se pelas rochas, de armas em riste.
A seguir, a mala-posta irrompeu no estreito espaço e fez alto com grande alarido. Atrás do carro apareceu o cavalo do mascarado.
O boleeiro saltou, seguido do companheiro de assento, e pouco de pois a porta abria-se para sair o homem e a rapariga. O primeiro, logo que olhou à volta, teve um grito de raiva:
- O Vale dos Trovões!
- É verdade; a propósito, quero apresentar-lhe esta menina…
O passageiro, entre surpreendido e cauteloso, teve um esgar de aborrecimento:
- Não compreendo o que quer dizer! Não o conheço a si nem ao seu fato idiota! E nem me interessa conhecer esta senhora! – e voltando-se para o boleeiro: - Quanto a si, quero que explique a razão deste desvio no caminho! Quando chegarmos a Denver, apresentarei queixa na agência!
O boleeiro coçou a cabeça de atrapalhado, mas foi o mascarado quem respondeu:
- Oiça, amigo! Não seja impulsivo. Disse que lhe queria apresentar esta menina e vou fazê-lo… Chama-se Mary Dungan! Para me tornar mais explícito: a filha de Dungan!
O homem fez-se pálido e a rapariga olhou para o mascarado, admirada de este conhecer a sua identidade. E, quando ia para falar, uma voz gritante saiu das rochas:
-Eh! Acabou-se a assembleia! Estão todos presos!
E a figura de Mc Dawson, o xerife, surgiu perante o espanto de todos…

 *
Mc Dawson, o xerife, tinha a espingarda empunhada e um sorriso trocista nos lábios. A surpresa que ocasionara dava-lhe certo prazer. Só não compreendia a razão do mascarado voltar até ali com a mala-posta e o que pretendia fazer com aquele homem e aquela rapariga. Mas isso também pouco lhe interessava, pois a sua missão era prender o assassino de Dungan – e ele estava ali, com o seu fato estranho, ao alcance do ponto de mira da sua arma.
Todos os presentes levantaram os braços e o xerife, numa atitude que reconheceu cheia de dignidade, desceu das rochas, fazendo um sinal com o braço, para que os seus homens os seguissem.
Rapidamente desarmados, ficaram À mercê do representante da lei. A rapariga tremia e os seus olhos tinham reflexos de terror. E por instantes o silêncio no vale não foi interrompido…
O Xerife que saboreava a espetativa como se fosse um bom«whiskye», atravessou com lentidão o espaço que o separava do mascarado e, ante o olhar irónico deste, - coisa que o perturbou, - tirou-lhe o capuz num gesto seco.
Se esperava encontrar alguém conhecido, enganou-se. A cara que surgiu À luz do dia era estranha para todos.
- Como se chama? – perguntou Mc Dawson.
- Corvo! – respondeu o outro.
O xerife teve uma gargalhada.
- Isso não é nome de gente!
Mas não obteve resposta. O ex-embuçado tinha o rosto vincado em pedra e nem uma das feições se alterou com aquela exclamação.
- Que faz? – voltou o xerife.
- Persigo o Mal e luto pela Justiça!
A frase era sonante demais para não chamar a atenção. Mc Dawson, já aborrecido com o rumo dos acontecimentos, concluiu:
- Bem! Deixemos as representações para o «saloon»… Em nome da lei, está preso pela morte de Dungan!
O Corvo teve um gesto de ironia e emendou:
-Está enganado, xerife. Essas palavras não são para mim, são para aquele senhor! – e apontava para o passageiro da mala-posta.
Mc Dawson voltou-se, impelido pela firmeza com que o Corvo fizera aquela afirmação, e teve um cumprimento:
- Well, Mr. Peacock. Em viagem de negócios, não? Muito hábil é este bandido em querer metê-lo nesta embrulhada! – e voltando-se para o Corvo: - O seu plano não era mau. Pelo menos, tinha a vantagem de estabelecer confusão. Porém, esqueceu-se que já conheço há muitos anos Mr. Peacock e que ele é uma das pessoas mais consideradas de «White City>. Além disso, é o banqueiro da cidade e nada há que brigue com a sua honestidade. É pena, mas como vê, errou no alvo…
O Corvo, sem se alterar, deixou cair os braços e com à vontade que tocava as raias da loucura, ignorando os canos que o visavam, avançou na direção do banqueiro e da rapariga.
- Com autorização do seu amigo xerife. Meu caro banqueiro, vamos continuar a conversa que ele veio interromper.
O outro teve um estremecimento e gritou para o representante da lei:
- Eh! Mc Dawson! Não deixe que este homem me aborreça com as suas palavras. Se é um assassino, prenda-o! De contrário, mande-o embora!
O xerife ia para intervir, mas a voz do Corvo fê-lo mudar de ideias.
- Um momento. Perante todos acusei este homem da morte de Dungan e tenho o direito de justificar a acusação. Se não mo deixarem fazer, atraiçoam todos os princípios da Lei.
A rapariga olhava admirada para o estranho e sentia que ele fosse realmente o assassino de seu pai. Via uns olhos grandes, muito negros, que não podiam mentir nem ser falsos…
- Já caminhava há oito dias para «White City». Uma noite resolvi acampar neste vale. Preparava o jantar quando ouvi uma voz por trás daquele rochedo – e o Corvo apontou para umas rochas que se elevavam a pequena distância. – Caminhei para lá e encontrei um pobre velho louco de alegria que revirava nas mãos algumas pedras de ouro. Assim que me viu, escondeu-as e julgou-me ladrão. Tranquilizei-o e tive o prazer de ouvir da sua boca a revelação extraordinária de que neste vale existe uma grande mina do precioso metal. Aconselhei-o a voltar para a cidade e registar os terrenos no banco. Pediu-me para que não o abandonasse e prometeu-me tornar capataz, logo que iniciasse a exploração da mina. Disse-me quinda que tinha uma filha e que lhe ia escrever para ela voltar… E o velho Dungan, pois era ele, partiu feliz para «White City». Dois dias depois, quando me preparava para o visitar, vi Peacock entrar sorrateiramente na sua cabana… Como se adivinhasse qualquer coisa de mau, corri, mas já só encontrei o cadáver do velho. E uma pancada traiçoeira na cabeça arrancou-me a consciência. O resto já todos sabem. Falta esclarecer, simplesmente, e isto só agora compreendi, que Peacock, como banqueiro, recebeu da boca de Dungan a declaração da descoberta da mina e, sabendo que o velho era sozinho na vida, tendo somente esta filha, resolveu suprimir a ambos. Primeiro, o pai; à chegada da filha, viu-a e quando ele, depois, assistiu, resolveu voltar, pois nada fazia em «White City», pensou em suprimi-la Sem qualquer pretendente, a mina revertia a favor do Banco!
O silêncio era maior do que nunca. Peacock, cabisbaixo, sem uma palavra, avançou para o xerife. Este obrigou-o a voltar para a mala-posta, com a rapariga e, quando se preparava para agradecer, viu que o Corvo saltava para o cavalo e, com um aceno de despedida, lançava a montada a galope através do Vale…

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